Tuesday, January 25, 2011

Desastres naturais extremos ..não distinguem grupos sociais

Desastres naturais extremos já mostraram que não distinguem grupos sociais18/01/2011
Estado de Minas


OPINIÃO
Tragédias na habitação
Edésio Fernandes - Jurista e urbanista

A história é antiga, mas tem se repetido com maior frequência e intensidade: enchentes, deslizamentos, destruição de infraestrutura e construções, e um número crescente de mortes. O volume absurdo de chuvas na região serrana do Rio de Janeiro, causando o maior desastre natural da história do Brasil, se relaciona ao processo de aquecimento global, que afeta outros países. Um tal fenômeno natural causaria devastação em qualquer país. Contudo, há fatores bem brasileiros que explicam o enorme impacto das chuvas e sobretudo o número obsceno de mortes, se comparado com os impactos de desastres em outros países. Ainda se discute o papel da ação humana no aquecimento global, mas não restam dúvidas de que as tragédias brasileiras resultam em grande parte do padrão de ocupação do solo e urbanização do país. Os impactos dos desastres seriam menores se os gestores públicos tivessem uma maior responsabilidade territorial.A presidente Dilma Rousseff declarou com precisão: “Vimos áreas nas quais montanhas nunca tocadas pelo homem se dissolveram. Mas também vimos áreas nas quais a ocupação ilegal causou danos à saúde e à vida das pessoas”. Áreas ocupadas por grupos mais privilegiados foram afetadas, mas o número de mortes foi infinitamente maior nas áreas em que moram pessoas mais pobres. A presidente declarou que “a ocupação de áreas de risco é a regra, e não a exceção, no Brasil”, e perguntou: “Quando não há políticas habitacionais, onde as pessoas que ganham menos de dois salários mínimos vão viver?”. Desde o começo do século 20, a urbanização tem se caracterizado pela falta de políticas fundiárias e habitacionais de interesse social. O planejamento territorial e leis de uso do solo são elitistas, reforçam a estrutura fundiária concentrada, geram altos valores para os proprietários e não reservam áreas centrais para os pobres. Cerca de 5,5 milhões de imóveis vazios ou subutilizados não cumprem uma função social. A presença do Estado com serviços e equipamentos se concentra nas áreas “nobres”. Os mercados imobiliários formais não oferecem lotes/construções para os pobres, e as políticas habitacionais são insuficientes e inadequadas.Cerca de 90% do déficit habitacional de 6 milhões de unidades se concentra nas famílias entre 0 e 3 salários mínimos. Para a maioria da população, o acesso informal a favelas e loteamentos irregulares tem historicamente permitido a muitas pessoas mais e melhores opções de moradia do que os setores estatal e privado juntos. Mesmo com investimentos recordes em infraestrutura e habitação no governo Lula, os recursos do programa Minha casa, minha vida tem chegado com dificuldade aos mais pobres. Sem opções formais de acesso à moradia, resta ocupar áreas excluídas dos mercados formais, de preservação ambiental e/ou públicas, pagando altos preços, inclusive financeiros, para viver em condições precárias e mais vulneráveis aos desastres naturais. Este é um padrão perverso de urbanização de risco e segregação socioespacial, expressão do desenvolvimento especulativo sem compromisso com a sustentabilidade socioambiental.Faltam políticas de saneamento, ações de gestão dos riscos e medidas de prevenção de desastres nos assentamentos informais. Não há políticas curativas consistentes para a sua regularização, nem políticas preventivas suficientes de democratização do acesso ao solo com serviços e à moradia. Não há fiscalização das ações ilegais de ricos e pobres: o clientelismo político se renova à custa da reprodução da informalidade. Se existem recursos, não há projetos técnicos adequados e capacidade de gestão administrativa na escala necessária. Longe de promoverem a reforma urbana, muitas administrações públicas abraçaram a ideologia de mercantilização plena das cidades, a serviço dos interesses de grupos econômicos. A classe média fecha os olhos aos problemas dos pobres, quando não reage de maneira insensível. O discurso ambientalista tem sido utilizado, não para oferecer soluções possíveis, mas para justificar remoções de milhares de famílias sem que opções adequadas lhes sejam oferecidas – assim perpetuando o problema da informalidade. Respostas institucionais pontuais e fragmentadas são dadas na sequência de um desastre, mas são logo abandonadas até a tragédia seguinte.Os pobres são mais diretamente afetados, mas os desastres naturais extremos já mostraram que não distinguem grupos sociais. Sem a articulação de políticas urbanas, fundiárias, habitacionais e ambientais, todos pagaremos mais e mais, direta e indiretamente, pela história de irresponsabilidade territorial: moradores de favelas e loteamentos irregulares, do litoral e de encostas, de centros urbanos e de condomínios exclusivos. Nesse jogo perverso, todos perdemos.

Tuesday, January 18, 2011

Sobre chuva, lama, pedras..arquitetura e urbanismo


Sobre chuva, lama, pedras, mortes, arquitetura e urbanismo...
Paulo Afonso Rheingantz*

Diante dos recentes acontecimentos que destruíram e continuam a destruir sonhos e roubaram milhares de vidas de cidadãos de diferentes classes sociais nas cidades serranas do Rio de Janeiro, e diante do silêncio dos arquitetos - especialmente os acadêmicos, em sua maioria de férias (?!) - aos problemas "mundanos", gostaria de compartilhar uma reflexão incômoda que vem martelando minha mente, e que tem a ver com a discussão sobre o papel ativo dos não-humanos no coletivo urbano.
A mensagem foi inspirada em matéria recebida de uma amiga, de autoria do professor titular da Faculdade de Saúde Pública da USP, Paulo Capel Narvai(que não conheço) relacionada com os recentes (e estarrecedores) episódios:
Inicialmente replico texto de Narvai sobre o "indivíduo sem alternativa, que compra e entra onde não pode etc", que se relaciona com as políticas públicas de habitação e ao planejamento (sic) urbano, rural e regional, tratados como “propriedade privada”, "como coisa de particulares... isso de "é meu e ninguém tem nada a ver com isso...".
A seguir, reforço pensamento de Narvai, sobre as "possibilidades" das "pessoas despossuídas (como sentido dado pelo Florestan)", de sua luta pela sobrevivência ... "é mais do que compreensível... as necessidades são imediatas e as decisões são movidas por desejos, vontade de resolver o problema de cada um, de cada família..."(Narvai) questões que, transcendem as necessidades e interesses pessoais ou familiares.
Por sua relevância social, estas questões são (ou deveria ser) de interesse público. As pessoas não se amontoam em lugares insalubres, de risco, porque querem; elas o fazem porque as políticas e ações públicas de habitação e de ocupação e planejamento territorial, em lugar de atender os interesses das gentes, são feitas para atender os interesses econômicos de determinados (e restritos) grupos. Os interesses das pessoas são "coisas aparentemente sem importância, menores...”(Narvai).
O planejamento e a ocupação do solo urbano não atendem aos interesses do coletivo urbano, que reúne atores humanos e não humanos - a esta altura do campeonato, me parede desnecessário argumentar que chuva, a lama e as pedras tem sido, ao lado dos políticos lideranças e moradores e visitantes locais, protagonistas ativos desta “tragédia coletiva”.
O processo de urbanização (ou seria mais apropriado falar de desurbanização?) privilegia os interesses (lucros) de determinados grupos ou setores da sociedade que, em geral, financiam as campanhas dos políticos em troca da aprovação de "leis tolerantes com ocupação de áreas tecnicamente não recomendadas para edificação/habitação" (Narvai) que servem para abastecer os cofres destes grupos. Prevalece a lógica do "já-que-pode-pra-ele-eu-também-quero-também-posso" (Narvai) de especuladores e construtores (alguns são arquitetos) que 'aplicam' parte de seus recursos para "mover vontades, 'quebra-um-galho' aqui outro ali e viabilizam um condomínio no pé-da-serra onde não deveria poder... São os sócios daquela "Construtora" S.A. que, quando não conseguem aprovar leis que viabilizem seus negócios imobiliários, toleram que seus empregados subornem funcionários públicos corruptos para que o negócio se viabilize ..." (Narvai). Se relaciona com um tipo de "capitalismo do cotidiano" que explora e "vende montanhas e mananciais...", que decide as políticas de ocupação territorial e de urbanização. (Narvai)
Fiel às suas raízes profissionais - saúde pública - relembra os esforços que redundaram nas políticas e ações urbanizadoras de sanitaristas, como Oswaldo Cruz e Emilio Rinas, para erradicar os vetores das doenças tropicais que assolavam o Rio de Janeiro - que deveria ser reurbanizado (foram demolidas inúmeras habitações e alargadas ruas e avenidas, consideradas insalubres - e Santos - onde foram construídos canais para drenar a cidade de Santos.
Segue uma pergunta incômoda: será que algum dia os arquitetos e urbanistas terão direito e reconhecimento de voz nestes assuntos? A julgar pelo nosso silêncio, é pouco provável. Nosso silêncio indica uma espécie de 'direito divino superior' que, mais dia menos dia, deve 'cair do céu'.
Enquanto isso, continuamos, do lado do mercado, a densificar e ampliar (ou seria destruir?) nossas cidades, e do lado acadêmico, a produzir belos e consistentes tratados e argumentos. Em comum, o descaso e o desconhecimento sobre as questões das gentes (humanos) e do ambiente (não-humanos). Estes procedimentos me fazem lembrar uma frase cunhada em tom de brincadeira quando cursei o mestrado em conforto ambiental: "a ética é, cada vez mais, uma questão de ótica".
Aqueles que questionam estas práticas são vistos como “chatos” ou “românticos” de dois matizes, não necessariamente excludentes ou contraditórios: ou são socialistas que questionam o sistema, ou são ambientalistas que defendem o mato, os animais, os rios e os lagos, ou são ambos.
A responsabilidade pela destruição dos sonhos, das casas, das vidas de milhares de pessoas e animais e do patrimônio cultural e ambiental das cidades e lugares atingidos, não é um problema individual. Sua solução não se resolve com ações setoriais. Não basta responsabilizar apenas os políticos, como insistem jornais e emissoras de televisão de circulação nacional. Este é um problema que, com maior ou menor parcela, nos atinge a todos, cuja solução implica em rever os dogmas de uma economia feita de números e de lucro; implica em rever os limites do crescimento econômico e do crescimento físico das cidades e da população; implica em rever as bases e fundamentos éticos de nosso sistema educacional; implica ainda, em rever nossa cumplicidade com práticas do tipo "ilegal, e daí?".
Como denunciou Schumacher no final dos anos 60 (O negócio é ser pequeno), "a expansão da economia destrói a beleza das paisagens naturais com edifícios medonhos, polui o ar, envenena os rios e os lagos. Mediante um condicionamento implacável, ela rouba das pessoas o seu senso de beleza, enquanto gradualmente destrói aquilo que há de belo em seu meio ambiente." O Rio de Janeiro, hoje mero arremedo de uma outrora Cidade Maravilhosa, submetido a um processo enfurecido de enfeiamento e de destruição das suas belezas naturais, que são (ou foram) a essência de sua beleza. A verticalização de sua orla marítima se assemelha a um tapume que esconde as suas belas montanhas.
Enquanto não foram modificadas as relações entre os humanos e o ambiente (aqui entendido como o conjunto de animais, plantas, artefatos e natureza), estes problemas tendem a se agravar. A cada ano as tempestades e fenômenos ditos naturais se tornam mais violentos e freqüentes. Dito porque penso se tratar de uma rejeição ao processo de crescimento que resulta de uma relação letal de causa-e-efeito.
Precisamos rever nosso entendimento de um mundo dividido em mente e corpo, interior e exterior, humanos e natureza, bom e mau, material e espiritual, idéias e realidade. Estas questões se misturam em um coletivo que reúne os diferentes sujeitos (humanos e não-humanos) em uma rede complexa e dinâmica de relações auto-implicadas.
Conforme observa a economista verde Hazel Henderson, precisamos reconhecer que as diversas “crises”, inclusive esta calamidade da região serrana do Rio de Janeiro, "estão todas arraigadas na crise maior de nossa percepção estreita e inadequada da realidade", e que "a economia não é uma ciência; é meramente uma política disfarçada". A autora sugere que a 'economia ecológica' terá de "entender como as atividades econômicas estão imersas nos processos cíclicos da natureza e no sistema de valores de uma determinada cultura."
O problema da região serrana do Rio de Janeiro não deve ser entendido como um problema dos “outros” (dos habitantes da região serrana), ou como um problema do sistema de valores da região serrana. É um problema coletivo de escala global que afeta e ameaça a integridade e a vida em escala planetária, decorrente em grande parte da irresponsabilidade dos humanos. Em uma biosfera global interligada, não existe “outro lugar” ou “outros interesses” (Henderson).
Enquanto isso acontece em nossa volta, e enquanto os alcaides do momento se ocupam de obras faraônicas e midiáticas como o novo Museu (projeto de Calatrava), o Porto Maravilha, com a enésima reforma do Maracanã, com as falácias sobre as obras dos jogos olímpicos de 2016, nas escolas de arquitetura seguimos trabalhando com exercícios e temas de projeto tão “importantes e necessários” quanto uma casa de um filósofo em uma ilha deserta - tema que, segundo Abelardo de Souza, justificou a reforma do ensino de arquitetura implantada por Lucio Costa em 1930 ... mudanças, só se um milagre cair do céu e nas mãos certas...

*Arquiteto Urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura - PROARQ-FAU/UFRJ

Monday, January 17, 2011

Principais faltas.. projetos intervenções favelas


Quais as principais faltas em projetos de intervenção e urbanização de favelas?Colaboração : Giovanny Gerolla

Muitas vezes, boa intenção sozinha não basta. É preciso estudar as melhores maneiras de fazer com que uma intervenção em bairros com pouca infraestrutura dê frutos, seja usada, seja vista como algo próprio da comunidade, não alheio a ela ou um alienígena em meio a um espaço já precário de opções de cultura, lazer e infraestrutura. E se, por um lado, a questão do dinheiro público bem empregado é vital, por outro, não se pode deixar de pensar nos usuários. E quais, afinal, são os principais problemas encontrados atualmente nas intervenções em favelas? Consultamos arquitetos, urbanistas, governo e a comunidade local para saber quais as principais faltas cometidas por projetos e programas nesses bairros.
Gilson Rodrigue, presidente da associação de moradores de Paraisópolis, São PauloGilson Rodrigues presidente da associação de moradores de Paraisópolis, São Paulo
O que falta é o desenvolvimento de projetos em conjunto com a comunidade, ou seja, a união entre arquitetos projetistas, engenheiros, urbanistas, governo e comunidade. Só o trabalho conjunto resultará no atendimento completo às demandas da população que reside na região beneficiada, reduzindo conflitos e mantendo a maior parte da população na região - ou em regiões próximas que também se beneficiam das melhorias. Na maioria dos casos, projetos são tirados de uma gaveta e executados sem que tenham sido compartilhados ou aceitos pela comunidade. O fato de um projeto ter funcionado bem em uma comunidade também não implica que dará certo noutra, porque cada comunidade tem suas especificidades, e o desenvolvimento de um projeto deve respeitá-las para que tenha sucesso.
Regina Chiaradia, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Botafogo - Amab, no Rio de JaneiroRegina Chiaradiapresidente da Associação de Moradores e Amigos de Botafogo - Amab, no Rio de Janeiro
O principal erro da maioria dos projetos de intervenção/urbanização de favelas apresentados pelo poder público é não ouvir a população local, subestimando o conhecimento popular de sua própria realidade. Em segundo lugar, é um erro acreditar que as melhorias urbanísticas, sozinhas, resolverão problemas. É preciso que acompanhem melhorias socioeducacionais que, por sua vez, transformem a realidade local. O tecido social-urbano jamais será rompido e reconstruído se os seus componentes não forem plenamente inseridos numa nova realidade econômica, social e educacional.
Sérgio Magalhães, arquiteto, presidente do IAB-RJSérgio Magalhãesarquiteto, presidente do IAB-RJ
Sob o ponto de vista do desenho urbano, os projetos que vejo são completos e abrangentes - com acessos, traçados de novas ruas, infraestrutura e equipamentos sociais. O que falta, em primeiro lugar, é a garantia de que governos estarão presentes na prestação de serviços públicos de manutenção, conservação e limpeza urbana - itens escassos ou até mesmo inexistentes nas favelas. A integração plena das favelas urbanizadas pressupõe essa presença, uma vez que sua ausência acarreta em ocupação e dominação por grupos marginais, gerando problemas (como a violência do tráfico) que não são solucionáveis com projetos de urbanização. Uma segunda necessidade é que se tenha visão mais ampla de que não é suficiente implantar infraestrutura e equipamentos; é preciso também melhorar a qualidade da habitação popular, em salubridade e condições sanitárias, com assistência técnica, além de aumentar o crédito para que essas melhorias possam surgir.
Jeferson Tavares arquiteto e urbanista, atuou em programas de urbanização de favelas nas regiões Nordeste, Sul e SudesteJeferson Tavaresarquiteto e urbanista, atuou em programas de urbanização de favelas nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste
Cerca de 1/3 da população urbana brasileira mora em favelas, segundo a UN-Habitat. E elas não estão em rincões, isoladas. Fazem parte da estrutura urbana e social de nossas cidades. Portanto, estão equivocados os projetos que delimitam perímetros imaginários e desconsideram o território e suas áreas de influência. Os projetos em uma favela devem tomá-la como inserida na cidade, e propor a interface com sua dinâmica. A geografia, as redes de infraestrutura e os usos cotidianos são elementos que integram os espaços da cidade e, portanto, devem ser explorados como qualificadores urbanos dessas áreas. Valorizar o espaço público, tornar o equipamento social uma referência local e explorar a diversidade das tipologias habitacionais são alguns dos exemplos possíveis e desejáveis. Embora os problemas sejam semelhantes em qualquer parte do país, não há uma receita pré-definida, pois as soluções devem dialogar com as particularidades de cada contexto urbano.
Elisabete França, superintendente de habitação popular da cidade de São PauloElisabete França superintendente de habitação popular da cidade de São Paulo
A urbanização de favelas é uma ciência recente. Neste momento, em todos os assentamentos sob intervenção, muito conhecimento é produzido - um know-how que será usado pelas próximas décadas. O trabalho desenvolvido em São Paulo tem chamado a atenção do mundo justamente por sua capacidade de corrigir as faltas do passado, e de inovar. Uma falta considerada grave na urbanização de uma favela certamente é a ausência de participação da comunidade sob intervenção. Não basta ouvi-los como se fossem clientes, mas envolvê-los, chamá-los a compartilhar das principais decisões. Hoje, todas as intervenções dão grande importância à formação do conselho gestor: o assentamento é dividido em setores e, em cada um, é eleito um representante para integrar o conselho. Esse representante tem a função de compartilhar as decisões mais importantes e informar a população da sua área. Urbanizar favelas exige também muita criatividade e vontade de inovar. A Sehab investe na formação de uma boa equipe de arquitetos, em parceria com escritórios renomados e criativos, preparados para desafios e para criar grandes projetos e ideias que redimensionem o conceito de moradia para essas populações. Engana-se quem pensa que a população mais pobre não sabe diferenciar a boa da má arquitetura.
Fonte: http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/200/fato-opiniao-quais-as-principais-faltas-em-projetos-de-191187-1.asp

Sustentabilidade Habitações Populares

A opinião do arquiteto inglês Bill Dunster sobre sustentabilidade nas habitações populares e as certificações ambientais de edifícios
http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/202/a-opiniao-do-arquiteto-ingles-bill-dunster-sobre-sustentabilidade-nas-206903-1.asp

Friday, January 07, 2011

Rambla de Manguinhos











Rambla de Manguinhos

La articulación entre "ciudad partida" y sociedad en Río de Janeiro
Por Jorge Mario Jáuregui




N. de la R.: El texto de esta nota está basado en la presentación de la obra del autor en el Museum of Modern Art de Nueva York.
Fonte: http://www.cafedelasciudades.com.ar/planes_arqui_98.htm

El proyecto arquitectónico-urbanístico de la Rambla de Manguinhos es concebido como un atractor de convivencialidad, capaz de transformar cualitativamente el lugar: de divisor a conector. Un paseo público semicubierto, vivo las 24 horas del día, jalonado de eventos a sus lados: comercio, servicios, espacios de circulación y de permanencia, jardines, deporte, esparcimiento y arte urbano.
El "arquitecto urbanista" es un hacedor de conexiones en el interior de la ciudad y la sociedad partidas. Busca concebir y materializar pasajes y mediaciones entre lo formal y lo informal. La Rambla de Manguinhos funciona como ese conector socio-espacial a escala urbana, que articula diferencias.

La metrópolis contemporánea, en un sentido filosófico, se puede entender como una serie de flujos de la más variada condición: música, pintura, escultura, arquitectura, información; movimiento, tiempo.Este flujo se compone de sucesivas inserciones y se mueve constantemente entre conflictos, compromisos, contaminaciones, interferencias y transformaciones.
Para el filósofo Walter Benjamin, las ciudades son lo plural de la humanidad, una acumulación de existencias y una multiplicación de la existencia misma; un pasado formidable manufacturado como un ensamblaje.
Comprender una ciudad implica develar los misterios de su superficie. Un proyecto urbano debería ser formulado en gran medida poniendo los sentidos a tierra en el sitio, para entender las condiciones bajo las cuales se solicita la intervención. Para absorber el espíritu y las circunstancias de una ciudad debemos ser capaces de leer y capturar sus recuerdos, sus cicatrices, sus tensiones y sus historias. Para Benjamin, la ciudad contemporánea implica la disolución de todos en la totalidad: al mismo tiempo contiene la alegría de todos y la alegría de si misma. In the city, bodies, spirits, and masses are seductively interwoven, a seduction which is both of utilitarian and aesthetic character. En la ciudad, los cuerpos, los espíritus y las masas se entrelazan en una seducción que es tanto de carácter utilitario como estético.
La gran ciudad contemporánea comparte muchos puntos en común con la Polis original. Encarna un conjunto diverso y fragmentado -no solo la aglomeración de un conjunto de personas, sino algo mucho más grande que la suma de sus partes. Tiene la capacidad de iluminar las pasiones. Su ley es la realización de una cierta racionalidad testeada en el tiempo, pero manteniendo ciertas áreas que no siguen los patrones racionales, las zonas de "no-sentido". La ciudad contemporánea demanda experimentación y nuevos conceptos para enfrentar el caos. Exige una nueva definición de lo urbano. Exige nuevas formas de intervención para estimular una nueva conectividad social y física.
Las megaciudades de hoy constituyen el lugar de la vida contemporánea. Este lugar no sólo congrega y une a las personas, sino que también tiene el poder de provocar, desafiar y concretar un potencial oculto. Estas ciudades encarnan los valores de la determinación, la conciencia de un destino común y un sentido de logro para el ciudadano individual. Es en este tejido del entorno construido que los seres humanos, tan diversos en lo individual como homogéneos en su conjunto, se congregan para compartir acciones, experiencias, paisajes y un sentido común de su sitio.
Los proyectos urbanos deben ser capaces de articular esta condición de lugar. Deben actuar como un vínculo entre los ciudadanos.



Hoy reconocemos dos condiciones: por un lado la intensificación de ciertos temas urbanos, desde la violencia y la desigualdad entre la ciudad formal e informal hasta la expansión suburbana y el debilitamiento de los centros tradicionales. Por otro lado, reconocemos la inevitable necesidad de la convivencia: dentro del vasto mar de signos que es la gran ciudad contemporánea, tenemos que encontrar nuestra manera de convivir y trabajar juntos. Estas condiciones actuales se manifiestan en tres tipos de espacios urbanos:
1.Los espacios generados a través de un largo proceso de acumulación y de sustitución, donde algunas piezas arquitectónicas resultan anónimas o genéricas y otras pueden ser identificadas como obra específica de "autores". Cuando la acumulación de funciones e historias alcanzan una cierta masa crítica, constituyen una identidad reconocible. Dentro de estos espacios, la imagen urbana es el resultado de una acción comunitaria que interactúa en un sitio específico, durante un período de tiempo, con necesidades y deseos constantemente redefinidos y negociados. Estos sectores urbanos, identificados como barrios, crean una condición de regularidad estructural que los define como imágenes visuales pertenecientes a la ciudad en su conjunto.
2.Los espacios que escapan al control público (o donde el control público es muy débil) y que ocupan grandes extensiones en las periferias de las ciudades; constituyen espacios de impunidad y están fuera del marco legal y jurídico tradicional de la sociedad. En algunos casos, la acción en estas condicines requiere un cierto grado de "metodología de guerra", o "planificación para desastres", que implica actuar con una muy buena coordinación de las acciones. En estas áreas, el papel del diseño urbano en la determinación de una nueva imagen es crucial, tanto en la redefinición del sentido de lugar como en la mejora de la calidad de vida de los que se ven obligados a vivir allí por ausencia de otras alternativas. El proyecto urbano debe ser de alta calidad; debe dar a estos entornos no planificados una responsabilidad urbana. Urbanizar las periferias y favelas significa forzar el caos a inscribirse en puntos de coherencia y singularidad, con capacidad de producir efectos que alcanzan a la totalidad de las comunidades y sus entornos. Estas piezas de la red urbana (las favelas, que en muchos casos no están siquiera registradas en los planos de la ciudad) representan los aspectos oscuros de la sociedad. Ni siquiera son reconocidas como existentes; son vistas como “no lugares”, simples intervalos, momentos a soportar en el movimiento a través de la ciudad. Sin embargo, también pueden ser vistos como espacios abiertos a nuevas posibilidades para la creatividad, la innovación urbana y la experimentación social. Lugares donde lo que está en proceso y lo que está en devenir (aquello que ocurrirá en el futuro) está en experimentación permanente con las redes profundas de la sociedad y las historias individuales y locales. Estas redes e historias son la fuente principal de todo proyecto. Son el material básico y deben ser incluidos y activados en la articulación de la ciudad. Es aquí donde el proyecto específico encuentra finalmente su relevancia. Es aquí donde el diseño necesita crear una nueva imagen, crear una nueva identidad construida que tenga la posibilidad de generar la galvanización colectiva para cada intervención. En este sentido, creatividad y belleza estética deben ser inseparables, ya que la estética es la disciplina que otorga un significado más allá de la práctica formal de un proyecto.
3. Espacios producidos por voluntad de una gran empresa (sea nacional o multinacional, pública o privada) y que se organizan en torno a diversos temas espaciales, tales como parques de diversiones, ferias internacionales o revitalización artificial de centros históricos. Estos espacios están desconectados (voluntariamente o no) de la estructura urbana; por lo general constituyen lo que podría considerarse "islas de la fantasía" en el archipiélago de la ciudad. En este tipo de espacios, "parques temáticos", los lugares de interés tienden a convertirse en productos básicos (commodities) y la ciudad una ciudad de "franquicias".


Hoy reconocemos dos condiciones: por un lado la intensificación de ciertos temas urbanos, desde la violencia y la desigualdad entre la ciudad formal e informal hasta la expansión suburbana y el debilitamiento de los centros tradicionales. Por otro lado, reconocemos la inevitable necesidad de la convivencia: dentro del vasto mar de signos que es la gran ciudad contemporánea, tenemos que encontrar nuestra manera de convivir y trabajar juntos. Estas condiciones actuales se manifiestan en tres tipos de espacios urbanos:
1.Los espacios generados a través de un largo proceso de acumulación y de sustitución, donde algunas piezas arquitectónicas resultan anónimas o genéricas y otras pueden ser identificadas como obra específica de "autores". Cuando la acumulación de funciones e historias alcanzan una cierta masa crítica, constituyen una identidad reconocible. Dentro de estos espacios, la imagen urbana es el resultado de una acción comunitaria que interactúa en un sitio específico, durante un período de tiempo, con necesidades y deseos constantemente redefinidos y negociados. Estos sectores urbanos, identificados como barrios, crean una condición de regularidad estructural que los define como imágenes visuales pertenecientes a la ciudad en su conjunto.
2.Los espacios que escapan al control público (o donde el control público es muy débil) y que ocupan grandes extensiones en las periferias de las ciudades; constituyen espacios de impunidad y están fuera del marco legal y jurídico tradicional de la sociedad. En algunos casos, la acción en estas condicines requiere un cierto grado de "metodología de guerra", o "planificación para desastres", que implica actuar con una muy buena coordinación de las acciones. En estas áreas, el papel del diseño urbano en la determinación de una nueva imagen es crucial, tanto en la redefinición del sentido de lugar como en la mejora de la calidad de vida de los que se ven obligados a vivir allí por ausencia de otras alternativas. El proyecto urbano debe ser de alta calidad; debe dar a estos entornos no planificados una responsabilidad urbana. Urbanizar las periferias y favelas significa forzar el caos a inscribirse en puntos de coherencia y singularidad, con capacidad de producir efectos que alcanzan a la totalidad de las comunidades y sus entornos. Estas piezas de la red urbana (las favelas, que en muchos casos no están siquiera registradas en los planos de la ciudad) representan los aspectos oscuros de la sociedad. Ni siquiera son reconocidas como existentes; son vistas como “no lugares”, simples intervalos, momentos a soportar en el movimiento a través de la ciudad. Sin embargo, también pueden ser vistos como espacios abiertos a nuevas posibilidades para la creatividad, la innovación urbana y la experimentación social. Lugares donde lo que está en proceso y lo que está en devenir (aquello que ocurrirá en el futuro) está en experimentación permanente con las redes profundas de la sociedad y las historias individuales y locales. Estas redes e historias son la fuente principal de todo proyecto. Son el material básico y deben ser incluidos y activados en la articulación de la ciudad. Es aquí donde el proyecto específico encuentra finalmente su relevancia. Es aquí donde el diseño necesita crear una nueva imagen, crear una nueva identidad construida que tenga la posibilidad de generar la galvanización colectiva para cada intervención. En este sentido, creatividad y belleza estética deben ser inseparables, ya que la estética es la disciplina que otorga un significado más allá de la práctica formal de un proyecto.
3. Espacios producidos por voluntad de una gran empresa (sea nacional o multinacional, pública o privada) y que se organizan en torno a diversos temas espaciales, tales como parques de diversiones, ferias internacionales o revitalización artificial de centros históricos. Estos espacios están desconectados (voluntariamente o no) de la estructura urbana; por lo general constituyen lo que podría considerarse "islas de la fantasía" en el archipiélago de la ciudad. En este tipo de espacios, "parques temáticos", los lugares de interés tienden a convertirse en productos básicos (commodities) y la ciudad una ciudad de "franquicias".
Estos tres tipos de espacios tienden a permanecer desarticulados entre sí, manteniendo una distancia en su interacción. No forman "tejido urbano" ni "construyen la ciudad". Pensar en la necesidad de estas conexiones implica reflexionar sobre estrategias de articulación urbana contemporánea. Estas estrategias implican:
1. Favorecer la conectividad de la estructura física y social;
2. Articular la ciudad, la condición urbana y el espacio público a través del proyecto;
3. Respetar el estado de funcionamiento actual del sitio y las inversiones realizadas por cada individuo residente por su propia voluntad a través del tiempo;
4. Crear nuevos espacios de identidad y significado (centralidades) y dar un nuevo potencial a los ya existentes;
5. Lograr la participación comunitaria a partir de "escuchar los deseos", en un sentido psicoanalítico;
6. Sólo desplazar residentes de sus hogares en caso de riesgo grave del medio ambiente, y procurar lo necesario para mantener las redes sociales existentes;
7. Garantizar el acceso adecuado a las viviendas existentes y mejorar las conexiones con las zonas circundantes;
8. Intervenir sobre la densificación del tejido urbano existente para introducir nuevos espacios y edificios, dando un nuevo significado al medio ambiente y a las condiciones sociales y ofreciendo un claro sentido de lugar y pertenencia;
9. Provocar una redefinición radical de la "imagen" del sitio, que va mucho más allá de un simple cambio estético;
10. Combinar la diversidad y la individualidad en un todo coherente, que una la ciudad sin homogeneizarla, buscando la coexistencia de la "ciudad de los flujos" con la "ciudad de los lugares".
Por lo tanto, la articulación de la "ciudad dividida" implica considerar la intersección de los aspectos físicos (urbanos, de infraestructura y medio ambiente), sociales (económicos, culturales y existenciales), ecológicos (ecología mental, la ecología social, y medio ambiente), junto con la seguridad ciudadana y los nuevos temas del sujeto contemporáneo.
A través del Programa Favela-Bairro, en 1995, los planes de desarrollo urbano para los Complejos de Manguinhos y Alemão en 2004 y el continuo desarrollo de proyectos urbanísticos por parte de la PAC (Programa de Aceleración del Crecimiento del presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva), ha sido posible crear una base de referencia para estrategias que incluyen una amplia gama de escalas urbanas. Este conocimiento de conceptos y métodos puede aplicarse a situaciones similares en otros países de América Latina.
¿Cuál es el objetivo de todas estas intervenciones de conexión socio-espacial? Es articular la ciudad dividida y la sociedad, proporcionando una mayor accesibilidad, inversiones en infraestructura, nuevos servicios sociales públicos (tales como hospitales, bibliotecas públicas, escuelas técnicas, centros de generación de trabajo e ingresos y centros juveniles) la revitalización del medio ambiente y la conexión de lo formal y lo informal de las distintas partes de la ciudad, estimulando así la movilización productiva del territorio y la mejora de la calidad de vida de los residentes.
El enfoque proyectual se compone de varias etapas:
Visitas al sitio para comprender el sentido del lugar (genius loci) y las condiciones existentes, a fin de determinar la conveniencia y viabilidad de la propuesta;
"Escucha de los deseos" de los residentes locales (a través del método freudiano de la asociación libre y la atención fluctuante), hablando con diferentes representantes de la comunidad, líderes locales y residentes;
Investigación de las condiciones históricas, culturales, económicas, sociales y ambientales, así como estudios técnicos del sitio;
Imaginar el futuro potencial del sitio;
Establecer diálogos con instituciones involucradas en el área de intervención y sus alrededores;
Considerar aportes interdisciplinarios, incluyendo los campos de educación, salud, transporte, mano de obra, aspectos legales y vivienda;
Formulación de la "trama urbana": definición de los principales temas y objetivos de la intervención, reforzando los puntos focales existentes e introduciendo otros nuevos para lograr una reconfiguración del sentido de lugar.
La participación de los residentes locales se organiza en cuatro etapas:
Reuniones in situ con los representantes del equipo del proyecto, en el inicio del proyecto;
Intercambio de conocimientos locales con representantes de la comunidad, en las primeras etapas del diseño del proyecto;
Asignándoles el rol de inspectores informales y mano de obra durante el proceso de construcción;
Asignándoles el rol de representantes de los intereses de la comunidad en el POUSO (Centro de Orientación Urbana y Social) creado por el gobierno de la ciudad para hacer frente a posibles conflictos después de la finalización del proyecto.
Uno de los principales objetivos de este enfoque proyectual es transformar la necesidad en virtud, lo cual significa maximizar las condiciones y los recursos existentes y la introducción de un nuevo poder del lugar a través de las intervenciones arquitectónicas, urbanísticas y ambientales. Este concepto de aprovechar al máximo los recursos existentes implica hacer lo que es necesario, en un sentido ético, en medio de condiciones adversas. Esta "maximización" nos exige trabajar con consistencia para diseñar proyectos que puedan construir un espacio público exitoso y realizar inversiones pertinentes y eficaces para el bien público.
El psicoanálisis es un instrumento importante para ayudarnos a distinguir los deseos latentes y manifiestos de los habitantes. En un momento dado en el desarrollo del proyecto, es importante y necesario para el arquitecto o arquitecta tomar distancia de los deseos conscientes del usuario. El arquitecto tiene la capacidad y la responsabilidad de proponer un ideal para estirar los límites de la confianza y la imaginación, para ayudar a las personas a descubrir lo que tienen derecho a desear pero no sabían.
El Complejo de Manguinhos está compuesto por diez comunidades informales -favelas- con una población total de 28.000 habitantes sobre 400 hectáreas de tierra urbana. El proyecto afecta a un área más amplia de la zona norte de la ciudad, de 1.400 hectáreas en total, y cruza los principales puntos de acceso a la ciudad de Río de Janeiro. El sitio incluye una importante autopista y otras carreteras principales, un río y una línea de tren. La línea de ferrocarril actúa específicamente como una barrera, dividiendo el área en varios fragmentos desconectados.
Históricamente, el complejo albergó una variedad de usos: viejos parques industriales, instituciones educativas y de investigación, áreas comerciales y una parte de la zona portuaria principal.
Es también el bastión de una de las tres facciones del tráfico de drogas de la ciudad; los barrios del complejo están sujetos a altos niveles de consumo de drogas, delincuencia e incursiones violentas de la policía. Los problemas físicos-territoriales contemplados en el enfoque de arquitectura son síntomas de una realidad con graves problemas sociales.
La propuesta
El principal desafío era reestructurar un área históricamente estigmatizada y ambientalmente degradada con una propuesta que pudiera ser implementada en un período de cuatro años de gobierno. El proyecto de Manguinhos es parte de un programa más amplio del actual gobierno de Luiz Ignácio “Lula” da Silva, conocido como PAC -Programa de Acceleração do Crescimento. Desde 2007, el Gobierno Federal ha tomado control del proceso de urbanización y formalización de los grandes complejos de favelas de Río a través del PAC. Por primera vez, autoridades estatales, federales y municipales están trabajando en conjunto e invierten una cantidad sin precedentes de dinero y recursos en las favelas. El programa de urbanización anterior, conocido como Favela-Barrio, abordó estas cuestiones en una escala de barrio a nivel municipal. PAC representa un proceso de urbanización similar, pero en una escala significativamente mayor. Trabaja en una escala más amplia, en toda la ciudad y con apoyo y financiación federal. Debido a este nivel elevado de inversión, las cuestiones sociales, físicas y ecológicas pueden ser abordadas de manera simultánea, junto con aspectos de policía y seguridad pública. Numerosos programas sociales y de regularización de la tenencia de la tierra corren en paralelo con el proyecto de arquitectura física.
El equipo de arquitectura ha concluido el plan maestro para dos comunidades (Complexo do Alemão y Complexo do Manguinhos) en 2005 y por lo tanto fue seleccionado para realizar los proyectos en el marco del programa PAC, dos años más tarde. En el Complexo do Alemão, la introducción de un sistema de teleférico conectará seis de los morros (colinas). Cada estación incluye elementos de interés social y económico, tales como pequeñas bibliotecas, espacios comerciales, aulas al aire libre y espacios de reunión pública. El proyecto de Manguinhos eleva una peligrosa y segregadora línea de ferrocarril y la transforma en un parque lineal para la recreación y el comercio.
El primer paso en la propuesta para el proyecto de Manguinhos consistió en definir los límites de la zona de intervención y analizar y responder a su complejidad geográfica (la convergencia de un río, una carretera y una vía férrea), topográfica (tratamiento de bordes de los ríos, canales y vertederos) y social (las realidades de la vida en las favelas de Río). El equipo trabajó los barrios adyacentes en términos de accesibilidad, infraestructura y reorganización de los nodos urbanos y centralidades.
Además del plan general de desarrollo, el equipo se centró específicamente en el área alrededor de la avenida Leopoldo Bulhões: un sector conflictivo, conocido como la "Franja de Gaza", donde el ferrocarril divide la zona tanto espacial como socialmente. La propuesta eleva el ferrocarril para unir por debajo los dos barrios divididos con un espacio público lineal. Este paseo público, conocido como la Rambla, crea una fachada urbana a lo largo de una activa avenida principal y un nuevo centro de intercambio de transporte 24 horas que conecta tren, autobús, taxis, mototaxis , camionetas y ciclovías.
El diseño del nuevo paisaje se compone de una serie de quioscos comerciales, áreas de recreación, espacios de encuentro social y vegetación abundante. Este diseño se inspiró en el exitoso Parque Flamengo, un parque lineal frente al mar en Río de Janeiro, diseñado por el arquitecto paisajista Burle Marx. El parque representa los valores de un moderno espacio urbano democrático que actúa como lugar de esparcimiento, recreación y cultura para que todos disfruten. El diseño cuidadoso de la Rambla tuvo en cuenta los potenciales beneficios y los usos de los distintos sectores de la población local: oportunidades de recreación y cultura para niños y familias, comercio y actividades generadoras de ingresos para los trabajadores. Se hizo hincapié en particular en la prestación de actividades alternativas para los jóvenes, demasiado a menudo expuestos a la seducción del narcotráfico (que desgraciadamente genera un gran número de puestos de trabajo en la áreas de ingresos bajos de la ciudad).
Este programa multi-funcional en el proyecto de Manguinhos transforma un sector peligroso y abandonado en un espacio público activo: se trata de convertir el sitio de divisor a conector. El proyecto promueve un tipo de espacio público que tiene el poder de actuar como un articulador social, integrando a los residentes de la favela entre sí y, hacia el exterior, a la ciudad en su conjunto.
Del complejo de Edipo al complejo Manguinhos…
Cuando tratamos de excluir de nosotros algo que queremos expulsar, eso siempre regresa. La existencia de enormes áreas en nuestras ciudades donde los habitantes están excluidos de los beneficios de la urbanidad nos afecta a todos. Hay consecuencias por la exclusión y la expulsión de pedazos de nosotros mismos.
El Complejo de Manguinhos es no sólo una colección de favelas de Río de Janeiro excluidas de la ciudad "formal" de Río de Janeiro, al igual que las otras favelas de la ciudad. También es una parte favelizada -excluida- de cada uno de nosotros. Es parte de un proceso que nos empobrece a todos, tanto a los que se ven obligados a vivir en la favela por falta de otras opciones como a aquellos que viven en la zona "formal" de la ciudad. El Instituto Brasileño de Estudios Sociales (IBASE) realizó un estudio para analizar las relaciones entre el morro (la "colina", sinónimo de favela) y el asfalto (en referencia a la ciudad formal) que reveló que los residentes de la ciudad formal ven a los que viven en las favelas con recelo y los residentes de las favelas ven a los residentes de la ciudad formal como arrogantes.Este fuerte prejuicio se manifiesta en todos los aspectos de la ciudad y mantiene la ilusión del "otro" como enemigo. Se trata de un aspecto de la sociedad construida sobre el miedo. Este miedo es siempre contraproducente y conduce a consecuencias trágicas para todos los involucrados.
El psicoanálisis indica que el amor y el odio son parte integral del ser humano, cuya interacción da lugar a dos resultados que son a la vez los más extraños y los más sublimes: hermosas obras de arte y horribles delitos. Es aquí donde aparece el complejo de Edipo. El Edipo sirve para excluir, interceptar y redirigir las poderosas fuerzas del amor y el odio que nos mueven. El complejo de Edipo actúa como una estructura que prohíbe, que nos coloca a todos en la misma condición debido a nuestra "incompletitud" y mortalidad.
Podemos ampliar nuestro horizonte, reconociendo nuestros propios límites y los de nuestras sociedades, incorporando lo excluido en nuestra vida, en nuestra ciudad y en nuestro mundo. Desde el saneamiento básico para todos a la creación de empleos y todo aquello que significa crear un proceso inclusivo y realmente "sostenible" de la ciudad, la cuestión es siempre la misma: debemos reconocer la reinserción de la humanidad en nosotros a través del reconocimiento del "otro".
El medio ambiente necesita ser humano hacia los seres humanos, y la complejidad humana debe reconocer todos sus complejos y complejidades: desde el complejo de Edipo al complejo de Manguinhos.
JMJ

El autor es arquitecto y responsable de numerosas realizaciones del programa Favela Bairro en Río de Janeiro. Dirige la oficina MPU (Metrópolis Projetos Urbanos).
De su autoría o sobre su obra, ver también en café de las ciudades:
Número 12 Entrevista "Políticas para construir ciudad, no para hacer casitas" Jorge Jáuregui y el programa Favela Barrio, de Río de Janeiro. Jorge Jáuregui
Número 19 Tendencias – Política Favelas en la ciudad: articular, no separar Los muros de la vergüenza (II). Jorge Mario Jáuregui
Número 58 Arquitectura de las ciudades (I) URDIMBRES: la favela es el lugar del puro devenir Una estrategia de reconquista de la ciudad en la 12 DOCUMENTA de Kassel Jorge Mario Jáuregui
Número 70 Política de las ciudades (I) La urbanización del Barrio Carlos Mugica, de Retiro Un debate recurrente y la opinión de Jorge Jáuregui Marcelo Corti
Número 76 Arquitectura de las ciudades “Estamos invadidos por la anarquía urbana y el tiempo está contra nosotros” El legado del maestro Tomás José Sanabria Entrevista: Jorge Mario Jáuregui
Fonte: http://www.cafedelasciudades.com.ar/planes_arqui_98.htm


Outros Jauregui .. Habitação Social e Leitura do Lugar
http://www.jauregui.arq.br/viviendasocial.html
http://www.jauregui.arq.br/leituralugares.html

Estratégias de Ação Áreas de Risco (Rio de Janeiro)


Prefeito apresenta estudo inédito nas áreas de risco de deslizamento




Levantamento aponta 18 mil imóveis em área de risco e servirá para a Prefeitura fazer intervenções em cada comunidade

06/01/2011

O prefeito Eduardo Paes apresentou na manhã desta quinta-feira, dia 6, no Centro de Operações Rio, na Cidade Nova, um estudo inédito da Geo-Rio com o mapeamento geotécnico das áreas de alto risco de deslizamento no município. O levantamento feito em 196 comunidades, que foi iniciado depois das chuvas de abril de 2010, aponta que 21 mil imóveis em 117 comunidades estão em áreas consideradas de alto risco. Porém, atualmente, o número de imóveis em situação de risco já foi reduzido para 18 mil, pois a Prefeitura realizou intervenções ou ofereceu moradia segura para as famílias destes 3 mil imóveis ainda durante 2010. Com a conclusão deste estudo, a Prefeitura vai elaborar projetos específicos para cada comunidade com o objetivo de minimizar os riscos de deslizamentos.



Essas localidades apontadas pelo estudo também já estão recebendo atenção especial da Defesa Civil, que trabalha com 1800 agentes treinados. Além disso, hoje pela manhã o prefeito Eduardo Paes se reuniu com lideranças comunitárias que passarão por treinamento e vão atuar de forma preventiva e estarão prontas para auxiliar os moradores nas situações de chuvas fortes. Do total de comunidades mapeadas, 47 dessas já passaram por obras de contenção de encostas e urbanização em 2010. Parte dos moradores foi reassentada através do Aluguel Social e de unidades do Programa “Minha Casa, Minha Vida”. As obras e o reassentamento atenderam cerca de 3 mil famílias. Para este ano de 2011, 27 comunidades já têm obras prestes a serem iniciadas ou licitadas, beneficiando outras 2.500 moradias.

Paes ressaltou que o objetivo da Prefeitura é fazer obras de contenção de encostas:

- O estudo serve para a prefeitura identificar quais são as áreas que precisam de obras de contenção e fazer essas obras necessárias e possíveis e manter as pessoas onde elas moram em condições dignas e seguras. Se pudermos resolver a situação dessas famílias com obras de geotecnia e contenção de encostas, resolveremos. Mas se a obra não for possível, aí sim, estudaremos outras alternativas.

Foram mapeadas as encostas do Maciço da Tijuca e adjacências, abrangendo 52 bairros das zonas Norte, Sul, Oeste e Centro da cidade. Ao todo foram vistoriados 1.302 hectares. O estudo utilizou tecnologias modernas, como levantamento a laser do terreno e ortofotos e fotos oblíquas.


O prefeito explicou ainda a importância deste mapeamento para a cidade:

- Nenhuma cidade do Brasil dispõe desse tipo de levantamento. Pela primeira vez fazemos um estudo com detalhe. Hoje temos uma possibilidade de afirmar com precisão quais são as áreas de alto risco na cidade. A Prefeitura inicia agora uma segunda fase de levantamento e estudo no detalhe de todas as possibilidades de obras e contenções. As obras já feitas pela Prefeitura ao longo de 2010 e já iniciadas em 2011 vão nos permitir resolver o problema de 5.500 dessas 21 mil moradias. O que fizemos foi criar um plano de contingência para já nesse verão a gente ter uma capacidade de prevenção muito maior.

Agentes de Saúde atuam em casos de emergências

Além dos projetos de intervenção que serão elaborados para cada área de risco da cidade, a Defesa Civil preparou um sistema de alerta em comunidades que já está em funcionamento e tem o objetivo de reforçar a atuação em casos de emergências. No ano passado foram treinados 1.800 agentes de saúde do Programa de Saúde da Família, que serão osresponsáveis por coordenar as primeiras ações em situações como chuvas, alagamentos, deslizamentos de encosta e risco de desabamentos.
Esses agentes já estão presentes em 25 das 117 comunidades apontadas no levantamento. Isso significa que 40% das famílias em áreas de alto risco já contam com o reforço desses agentes multiplicadores.

A partir da próxima semana, mais 1.200 pessoas, principalmente, líderes comunitários também receberão o treinamento, totalizando cerca de 3 mil profissionais. A proposta é fazer com que todas as comunidades identificadas no mapeamento tenham agentes capacitados no Sistema de Alerta Comunitário. Os profissionais que integram o sistema contam com um meio de comunicação integrado, utilizando aparelhos celulares cedidos pela Prefeitura para a troca de mensagens. Os telefones recebem torpedos com alertas em casos de ocorrências de chuvas e isso permite a comunicação rápida entre todos os integrantes para que estes avisem aos moradores sobre os riscos e os conduzam a pontos seguros.

Presidentes de Associações entram em ação

Antes de apresentar o estudo, o prefeito Eduardo Paes fez uma reunião com os presidentes das Associações de Moradores das comunidades mapeadas para implantação do plano de contingência, que entrará em vigor imediatamente. Eles receberam um relatório fotográfico de sua comunidade, uma cartilha com orientações e um telefone celular que funcionará no mesmo sistema dos Agentes de Saúde. À medida que o programa de Saúde da Família avançar nas comunidades, mais agentes da Defesa Civil serão treinados e estarão atuando de forma preventiva no município.

O presidente da Associação de Moradores do Complexo do Alemão, Vagner Acácio, esteve reunido com o prefeito e falou sobre essa ação da Prefeitura:


- A realidade era preocupante quando o tempo mudava. Mas agora teremos uma ligação direta com a Defesa Civil. A partir de agora vamos ter acesso as informações e vamos começar a trabalhar com o propósito de prevenir os acidentes no Alemão. Vamos trabalhar para sanar qualquer tipo de tragédia que possa acontecer.

Texto: Anna Beatriz Cunha
Fotos: J.P.Engelbrecht