Saturday, November 11, 2006

Casas antigas merecem respeito-dicas

Casas antigas merecem respeito


Restaurações de casas antigas, para fins culturais ou de comércio, converteram-se em desafiadoras tarefas para arquitetos, decoradores, “designers”, engenheiros e empreiteiras envolvidas com o chamado “retrofit”. E os resultados finais, nos campos funcional, estético e promocional, são, quase sempre, de inegável e excelente qualidade. A prática em patologias da construção civil urbana tem revelado, contudo, a insistente repetição de algumas intervenções físicas que respondem por problemas capazes de comprometer a longa durabilidade das reformas e, até, a essencial salubridade dessas edificações. Oportuno, portanto, chamar a atenção, do meio profissional, para algumas abordagens que se têm revelado tecnicamente equivocadas e, muito frequentemente, nocivas:
1 TELHAMENTOS
1.1 CONFIGURAÇÃO EXISTENTE:
1.1.1 Estruturas de madeira ( tesouras ou dispositivos afins ).
1.1.2 Telhas de barro, dos tipos marselha (“francesa”), em goivas (”colonial”), etc.
1.2 INTERVENÇÕES MAIS FREQUENTES:
1.2.1 Redução de inclinação, nas “águas”, com ou sem troca de telhas.
1.2.2 Pinturas (ou colagem de películas refletivas) sobre as faces expostas das telhas.
1.3 OBSERVAÇÕES:
1.3.1 Redução de inclinação, nas “águas”:
a) Cada tipo de telha impõe - e exige – um caimento mínimo; e as casas antigas costumam obedecer, de modo geral, tais inclinações.
b) Qualquer redução, dos ângulos originais, poderá gerar infiltrações (fatais goteiras), principalmente sob fortes chuvas.



1.3.2 Pinturas (ou películas) sobre faces expostas das telhas :
a) Telhas de mescla (barro, cimento-amianto e afins), devem manter constante troca, de umidade, com o ar ambiente; isto ocorre nas faces expostas a chuvas e nos áticos confinados (umidade relativa do ar), alternando ciclos, relativamente uniformes, de saturação e secagem.
b) Quando as telhas são “seladas”, na face exposta superior, a troca de umidade passa a ocorrer, apenas, com o ar do ático. Resultado: as telhas tendem a “inchar”, nas faces inferiores, sofrendo “encanoamentos” e aberturas das frestas de encaixe (o que, óbvio, favorece infiltrações), além de se tornarem mais quebradiças sob trânsito.
c) Conclusão: pinturas precipitadas, sobre telhamentos, ainda que recebam nota dez em Estética, merecem nota zero em Física.
2 FACHADAS
2.1 CONFIGURAÇÃO EXISTENTE :
2.1.1 Paredes portantes de alvenaria, de generosa espessura, erguidas em tijolos maciços ou de 2 (dois) furos, usualmente assentes segundo o “paramento inglês” (alternando 1 fiada com 2 tijolos "ao correr" e 1 fiada "à tição")..
2.1.2 Revestimentos de argamassa convencional, cobertos com caiação, pinturas à base de cimento e/ou de PVA comum.
2.2 INTERVENÇÕES MAIS FREQUENTES:
2.2.1 Descascamento total das faces externas, expondo os tijolos.
ou:
22.2 Restauração da argamassa e aplicação de texturas (ou tintas) acrílicas.



2.3 OBSERVAÇÕES :
2.3.1 Descascamento das faces externas :
a) As argamassas utilizadas para assentar tijolos de barro eram – e ainda são – de traço relativamente pobre em cimento, pois isto é condição, básica, para que as paredes possam “trabalhar” de modo mais ou menos homogêneo (o mesmo vale para emboços e rebocos, que devem ter plasticidade compatível com a mobilidade do substrato).
b) Por outro lado, tijolos maciços – ou de dois furos – implicam em “malha”, de argamassa de assentamento, extremamente densa; significa dizer que tais alvenarias possuem alta presença de rejuntes, de argamassa, por metro quadrado. Ora, esta “malha absorvente”, associada à porosidade e aos furos expostos dos tijolos primitivos

Sylvio Nogueira

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