Wednesday, March 03, 2010

Habitação de Interesse Social em Portugal: 1988 – 2005

Habitação de Interesse Social em Portugal: 1988 – 2005.
Livros Horizonte, Lisboa, 2009.
António Baptista Coelho
Pedro Baptista Coelho
Alguns tópicos
Da diversidade das soluções ao aprofundamento qualitativo.

1. Relação mútua, efetiva e afetiva, entre interior e exterior residencial: foi um tema que esteve na base do próprio Premio, combatendo-se o inacabamento dos espaços exteriores residenciais, e foi uma matéria que sempre marcou as melhores soluções dos anos do Premio.
2. A crucial importância da diversidade tipológica e da pequena escala urbana das intervenções residenciais: foi provavelmente o tema mais importante dos 23 anos de promoção habitacional pelo INH, esteve na base da estruturação das três modalidades de promoção – municipal, cooperativa e privada – e corresponde provavelmente a maior contribuição deste fase de promoção de “habitação social” para a história geral da habitação social em Portugal; diversidade tipológica muito significativa e pequenas intervenções residenciais bem integradas provaram ser aspectos essenciais da qualidade residencial urbana.
Esta matéria, bem conjugada, da diversidade tipológica e da pequena escala urbana das intervenções residenciais constitui, de certa forma, talvez a principal conquista deste período de promoção habitacional com o apoio do INH, e, embora não se possa considerar esta guerra ganha, estamos na presença de uma conquista muito significativa no apoio a uma habitação de interesse social bem integrada, física e socialmente, e ligada a uma arquitetura urbana bem qualificada; porque esta “conquista” da pequena escala e da diversidade das intervenções :
• Favorece a participação dos habitantes, a identidade local, o desenvolvimento comunitário e o controle local;
• Facilita o equilíbrio ecológico de cada conjunto;
• Privilegia o pedestre e favorece uma rede de espaços públicos de convivência;
• Proporciona diversidade de soluções de edifícios habitacionais e mistos;
• Favorece uma ampla gama de usos e atividades;
• Pode e deve privilegiar o verde urbano em todas as suas formas;
• E assegura o desenvolvimento de pequenos conjuntos urbanos controláveis, fáceis de gerir, capazes de funcionar como elementos positivos de qualificação e requalificação urbana.
Last, but not least, a diversidade tipológica residencial e a pequena escala das respectivas intervenções urbanas, são aspectos diretamente associados à idéia básica de se promover conjuntos residenciais sem qualquer estigma de pobreza e de falta de atratividade.
3. A essencial adequação aos habitantes: trata-se de um tema que sempre esteve na ordem do dia, só que, por vezes, há críticos esquecimentos associados a esta matéria, ou então há um reduzido ou insuficiente conhecimento sobre como atuar par se proporcionar uma melhor adequação habitacional (do conjunto e da habitação) considerando o modos de habitar mais específicos; foi um tema que ganhou gradualmente maior importância na “escola do Premio” e que continua muito discutido, sendo que há excelentes exemplos onde se terá atingido realmente uma adequação e é fundamental aprender com eles.
4. A qualidade do desenho de arquitetura: este é daqueles temas sobre os quais ou se escreve pouco ou se escreve muito, e bastará aqui referir que porque o Premio INH não foi, regularmente, um premio “só” de arquitetura, avaliando, também,, por exemplo, a qualidade ambiental e construtiva e a capacidade de apropriação das soluções, ele terá constituído, por isso mesmo, provavelmente, uma oportunidade rara de discussão sobre os equilíbrios a privilegiar entre o “desenho” e outras matérias e, gradualmente, foi também a oportunidade de evidenciar a real e cada vez maior importância da qualidade do desenho habitacional pra uma cidade que tem de ser hoje em dia, cada vez mais, uma cidade redimida da falta de desenho e da ausência de outras qualidades que se vivem realmente, mas que tanto andam esquecidas como é, por exemplo, o caso da convivência.
5. Adequação à cidade e à paisagem: e cá estamos na crucial adequação à cidade e à paisagem/natureza, matéria a que, afinal, já tínhamos chegado no parágrafo anterior, sobre qualidade do desenho, um matéria qlue, tendo estado na base da motivação do Premio – lembremos a importância do exterior residencial – foi, no entanto, um das matérias a que mais tarde se foi chegando na “escola do Premio”; mas chegou-se lá e tem havido preocupações específicas de adequação urbana e paisagística associadas a preocupações de sustentabilidade ambiental.
Pags. 23 a 25

Outros comentários
- Diversidade de extratos sociais, condição que hoje em dia é identificada como fator de sustentabilidade social; (pg. 33)
- Escala humana global e diversificada; e um sentido convivial naturalmente eficaz; (pg. 33)
- Fazer habitação social não passa , fatalmente, por aparentar uma dada imagem “pobre”, “triste” ou formalmente discriminada...(Pg. 39)
- ..há excelentes tipologias de transição entre o edifício unifamiliar e o multifamiliar. E fica evidente o interesse humano e urbano destas tipologias, seja na apropriação e identidade que proporcionam aos seus habitantes, numa grande aproximação ao caráter do unifamilhar. (pag. 45)
- janelas: esta distribuição de janelas (por todas as fachadas do edifício) propicia luz natural, ventilação e vistas aos fogos (residência), mas também contribui para a segurança nos amplos espaços exteriores que medeia os edifícios. (pag. 44)

1 Comments:

Blogger [m_] said...

Olá, Silvia! Acabo de descobrir seu blog através de uma busca que fiz no Google sobre HIS. Também sou arquiteta e dou aula de Projeto na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do IFF (Campos, RJ). Nesse semestre nosso tema é habitação de interesse social...
Quero registrar que seu blog é excelente e contribuiu muito para minhas aulas. Te agradeço por isso.
Ah, visitei seu outro blog e, por coincidência, vi um fragmento de um poema de Fernando Pessoa que tinha postado hoje bem cedo no meu blog...
Não achei seu e-mail aqui, por isso me perdoe esse comentário enorme!!
Bjs e obrigada!

6:50 AM  

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