Wednesday, August 15, 2007

Habitação popular em ciclo virtuoso

Habitação popular em ciclo virtuoso

Noel de Carvalho, Secretário Estadual de Habitação

Um fenômeno que ocorreu em todo mundo industrial nas últimas décadas foi o acelerado processo de aglutinação das populações nas áreas urbanas. Em 1940, o Brasil tinha 60% de sua população no campo e 40% nas cidades. Em 2000, segundo o IBGE, 84% da população residiam em cidades (45% delas com mais de 100 mil habitantes). Esta situação, resultado da nova revolução industrial, ocorrida especialmente a partir da década de 50, trouxe como conseqüência grave problema de estruturação das cidades.

A criação do BNH e do Sistema Financeiro de Habitação na década de 60 atenuou o problema. Mas, apesar disso, a concentração populacional urbana continuou se agravando, até que, com a exploração inflacionária da década de 80, inviabilizou-se o SFH e o BNH acabou extinto.

Em 2005, o Congresso aprovou o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social - SNHIS, criou Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e seu Conselho Gestor, exigindo dos Estados e municípios que, além da adesão ao SNHIS, criassem também seus fundos e conselhos gestores, além da obrigação de terem planos municipais de habitação para fazerem jus aos recursos federais.

Decidido a elevar as taxas do crescimento econômico, o governo federal criou o PAC, que destinou grande parte de seus recursos à urbanização das cidades brasileiras. Se somarmos a tudo isso os recursos provenientes do FGTS, através da resolução 460 (que libera de R$ 7 mil a R$ 14 mil às cidades a fundo perdido para construção de unidades para famílias até três salários mínimos), e mais outros programas como o PAR, para três a cinco salários ou associativo para acima de cinco salários, crédito solidário e outros, observamos que estamos vivendo um momento único em termos de política habitacional. Nunca houve tantos recursos para enfrentarmos o grave problema do déficit habitacional e a urbanização de assentamentos precários.

Os investimentos através do PAC em nosso estado são muito significativos. As obras no Rio de Janeiro, orçadas em R$ 3,8 bilhões, ganham repercussão pelo impacto da intervenção nos morros, com ações de urbanização nos Complexos do Alemão e Manguinhos, Rocinha, Cantagalo, Pavão e Pavãozinho. Nessa primeira fase serão beneficiados, nas áreas de habitação e saneamento, 15 municípios e dois milhões de famílias.

A boa relação estabelecida pelo governador Sérgio Cabral com o presidente da República e com os prefeitos se soma ao conjunto de fatores favoráveis a uma política habitacional sem precedente em nossa história. Isto pode significar um avanço significativo na melhoria da qualidade devida das populações pobres, gerando mais emprego e dotando essas comunidades de equipamentos urbanos essenciais, como postos de saúde, creche, escola, cursos profissionalizantes etc.

Nosso objetivo é integrar essas populações à formalidade das cidades como cidadãos, com direitos e deveres iguais - o que, certamente, reduziria enormemente os índices de violência e de doenças. Esta boa experiência eu tive quando prefeito de Resende. Estados e municípios devem se capacitar para cumprir as regras estabelecidas pelo Sistema Nacional de Habitação, ficando aptos a receber os recursos disponíveis. Assim, estaremos dando um salto gigantesco para melhorar a qualidade de vida do nosso povo.

Fonte: Jornal do Brasil – 09.08.2007.

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