Monday, March 28, 2011

Livro Gerenciamento do Risco em Habitações precárias


Publicação PROARQ UFRJ

Publicação PROARQ UFRJ http://www.proarq.fau.ufrj.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=48&Itemid=78

Thursday, March 24, 2011

Vote Moradia Ideal


Sunday, March 20, 2011

Mapeamentos sócio-culturais

Fonte: http://mapeamentossocioculturais.wordpress.com/about/

PROJETO
Vivemos um processo intenso de culturalização do país, pois cada vez mais a cultura se fortalece como cenário de afirmação da cidadania e do desenvolvimento humano. O debate público demonstra que a qualidade de vida não pode ser vista apenas na ótica do desenvolvimento material, mas como apropriação contínua do patrimônio imaterial pelos cidadãos e criação de rico imaginário a partir da diversidade das culturas.
Aqui a palavra "diversidade" é forte, também território, pois cada vez a diversidade se dá mais por territórios de pertencimento e não por localidade, ou mesmo comunidades específicas.
A diversidade cultural passa a compor estratégias de mudança e de construção de novos paradigmas civilizatórios. Documento da Unesco afirma que tão importante quanto a democracia e as oportunidades econômicas é a diversidade cultural. E falar em promoção da diversidade é reconhecer direitos culturais consagrados como a liberdade de expressão, as oportunidades de diálogo, também o direito à ancestralidade e à invenção; combinar o passado com o presente para inventar o futuro de forma intercultural, dialógica e com encantamento.
No entanto, precisamos escutar para melhor compreender e interrogar a realidade, trazendo a tona novas experiências que possam subsidiar o enriquecimento de práticas, das visões participativas e de mudança, dos processos de criação da cidadania cultural. Nesse sentido, os mapeamentos socioculturais do território compõem um rol de instrumentos de defesa da promoção da diversidade cultural e de construção de políticas públicas a partir das experiências construídas no território.
Desde meados da década de 1990 os mapeamentos culturais têm sido propostas pelo Fórum Intermunicipal de Cultura (FIC), e mais recentemente pelas Conferências Municipais de Cultura de São Paulo e outros Estados, pelo Seminário Nacional de Políticas Públicas para as Culturas Populares (Brasília, 2005), pela Conferência Nacional de Cultura (Brasília, 2006) e muitos outros mapeamentos localizados em território nacional (Censo Cultural de Santo André e Diagnóstico Cultural de Belo Horizonte) e atualmente pelo Plano Nacional de Cultura. Na América Latina também existem experiências consolidadas de mapeamento sociocultural na Argentina, Colômbia e de redes de arte transformação com presença em movimentos culturais.
Este instrumento procura detectar e entender quem são os atores e quais sãos os saberes e fazeres no universo cultural da localidade, bem como sua presença e capacidade de mudar relações. Realiza um levantamento de atividades, práticas, espaços, eventos, manifestações – institucionalizadas ou não – de grupos e artistas num determinado território. E obtém, assim, uma imagem cartográfica e um banco de dados que poderá mostrar a diversidade cultural local e suas possibilidades; identificar demandas e ofertas existentes em determinada região para um melhor planejamento das políticas culturais, além de poder subsidiar o planejamento de políticas públicas em diversos setores, considerando-se o caráter multidimensional da cultura e, assim , abrir novas possibilidades de ação conjunta e parceria.
Considera-se importante aqui que novos sistemas metodológicos podem ser usados como metodologias de auscultas socioculturais: por exemplo, cartovideografia e auscultas audiovisuais, pois a dinâmica dos coletivos jovens em constante transformação impõe grandes dificuldades aos modelos consolidados de mapeamento sociocultural, baseados apenas na localização e descrição de grupos, espaços e experiências. O processo metodológico deve envolver os atores locais visando a construção do produto final de forma participativa.
Assim, o mapeamento sociocultural pode constituir-se como potencializador das ações culturais no território, sentir a pulsação cultural do contexto, fortalecer o que é visível, revelar aquilo que está oculto para a sociedade, para as políticas públicas e muitas vezes para a própria comunidade. Pode ser um instrumento para ver melhor, auscultar os ruídos interiores, afirmar as vozes locais e, assim, contribuir para a presença desses cenários e atores nos processos identitários da localidade e do país, gerando, além disso, outras modalidades de comunicação política entre os grupos envolvidos.

OBJETIVOS GERAIS
• Refletir sobre o papel dos mapeamentos socioculturais na construção da diversidade cultural do território
• Refletir sobre o papel do mapeamento sociocultural para a efetivação de políticas públicas para a afirmação da cidadania cultural.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Sistematizar experiências de mapeamento sociocultural na Iberoamerica
• Sistematizar metodologias de mapeamento sociocultural
• Desenvolver conceitos de mapeamento
• Aproximar experiências entre o mapeamento no campo cultural e de outros segmentos "não-culturais"
• Contribuir para o desenvolvimento de uma cultura da diversidade a partir de mapeamentos socioculturais


RESULTADOS
• Despertar as redes socioculturais e as organizações públicas e privadas para a importância do mapeamento sociocultural como instrumento de afirmação da diversidade cultural
• Desenvolver conceitos pertinentes a mapeamentos socioculturais como instrumento de política pública
• Sistematizar experiências e metodologias de mapeamento sociocultural
Fonte: http://mapeamentossocioculturais.wordpress.com/about/

Thursday, March 17, 2011

Fernando Magalhães Chacel nos deixou....

Paisagismo internacional perde um grande mestre

Fernando Magalhães Chacel nos deixou em pleno domingo de Carnaval. Conhecendo seu espírito brincalhão, chega a soar como ironia. Avesso a elogios e a qualquer forma de louvação, surpreendeu os amigos em viagem no feriadão momesco, inviabilizando comovidas homenagens de corpo presente, ainda que merecidas.. Foi enterrado no Rio de Janeiro no dia seguinte, 7 de março, com uma simplicidade que na certa aprovou, entre parentes e amigos despreparados para o triste evento. Ameaçava chover.
Mestre de várias gerações, apesar de negar qualquer título e de sua reconhecida falta de disciplina acadêmica, contribuiu de forma inestimável para ampliar a concepção do ofício do arquiteto paisagista no Brasil, evitando posturas meramente cosméticas – sem que isso signifique descompromisso com a beleza – e impregnando seus trabalhos com profundo conhecimento de nossa legislação ambiental, de nossas paisagens e das intrincadas relações bióticas envolvidas em seu manejo. Conseguiu transmitir paixão pelas questões ambientais para clientes de formações e intenções diversas, que lhe retribuíram com oportunidades para desenvolver simultaneamente teorias e práticas, aplicadas a cada situação específica, tudo isso embala do com doses de humildade, extremo respeito pela opinião alheia, bom humor e muita vontade de acertar.. Com tal “jeitinho”, conven ceu uma construtora comercial do Rio de Janeiro a implantar e manter com esmero, por 18 anos consecutivos, antes que viesse a cravar a estaca inaugural da primeira edificação, um verdadeiro parque linear de mangue e restinga, totalmente inédito na época e hoje compreendido como objeto único de estudo e exemplo a ser seguido por profissionais de todas as partes do mundo. Também levou o empreendedor de grande condomínio em Búzios, RJ, a abdicar de muitos lotes em favor da manutenção e regeneração de fragmentos de vegetação de restinga, cedendo ainda grande extensão de terra para a formação de um grande lago, resultado da exposição do lençol freático bastante superficial no local. Em paralelo, lutou como nunca pela preservação do último remanescente de floresta paludosa de restinga na Barra da Tijuca e se envolveu de corpo e alma para livrar o Parque do Flamengo da ameaça da implantação de monumental e grotesco complexo comercial.
Suas palestras, tratadas com informalidade e recheadas de comentários inusitados, convertiam-se em concorridas aulas, já que sempre extrapolavam o exemplo demonstrado e instigavam a imaginação e a capacidade criativa da platéia. Ao fim de suas exposições, os profissionais e estudantes presentes sentiam vontade de correr para a prancheta ou computador para rever os conceitos de seus projetos em andamento. Nos últimos anos, Chacel adotou o tema recorrente da ecogênese – conjunto de estudos multidisciplinares que busca a regeneração de áreas degradadas com total respeito às associações vegetais originais de cada ecossistema –, fruto da intensa troca que manteve durante anos com eminentes profissionais de outras áreas, como o botânico Luiz Emygdio de Mello Filho e o geomorfologista Aziz Ab’Sáber.
Por ocasião do 49º Congresso Internacional da IFLA, sediado no Rio de Janeiro em 2009 pela ABAP – Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, Chacel brilhou como a estrela que era, inaugurando exposição individual de sua obra, participando de sala especial na mostra da ABAP e apresentando novos trabalhos para uma platéia internacional manifestamente extasiada, além de revelar-se exímio sanfoneiro ao se apresentar com sua banda durante o jantar de gala do evento. Quatro dias depois, foi hospitalizado, permanecendo 16 meses afastado das atividades profissionais. Hoje, já faz muita falta para todos nós – afinal, quantas gerações serão necessárias para gerar outro arquiteto paisagista tão completo?
Eduardo Barra
Arquiteto